O livro A
tua Palavra é a verdade tem como base a Palavra de Deus e de modo muito
especial o evangelho de João capítulo 17.
Herminsten
Maia Pereira Costa, o autor do livro, inicia afirmando que o evangelho não é
uma invenção de Jesus, mas o próprio Senhor Jesus é o cumprimento de tudo o que
a Palavra de Deus apresentou. Isto é, cumprimento das profecias do Antigo
Testamento, pois Ele é o evangelho. Logo a seguir, o livro se preocupa em
mostrar quem é Jesus através das Escrituras, mostrando a sua procedência eterna
e a autoridade que Ele recebeu.
Costa apresenta
em sua obra a realidade bíblica sobre Deus, pois ela revela Deus dizendo quem
Ele é. Não apenas isto, o autor vai dizer também que a criação de Deus aponta
para Ele dando testemunho do próprio Deus que é o criador. Este Deus criador é
ainda revelado através do Filho, Jesus Cristo.
A obra agora
se dedica a um tema extremamente relevante, que atinge o atual sistema
religioso brasileiro tão acostumado a desfrutar e criar objetos místicos. A
Bíblia como livro, não tem poder se não for utilizado. Conforme diz a autor, “A
Bíblia fechada não tem poder nenhum, nem mesmo aberta funciona como talismã...
Ela precisa ser lida, meditada e praticada. (COSTA, p.41, 2012). Assim, a
Bíblia produzirá transformação espiritual. Após esta importante consideração, o
livro discorre sobre alguns verbos sinônimos ao verbo guardar. Mas vale
destacar ainda a necessidade de receber a Palavra de Deus, pois rejeitá-la é
rejeitar o próprio Deus. Considerando o Salmo 119.11 onde a expressão guardar
tem o sentido de preservar a mente, o coração, e os nossos atos do pecado.
Uma
expressão profunda e pertinente dentro do ponto “negativamente considerando” é
que usar o nome de Deus não significa relacionamento com Ele, afinal, quanto
mais se conhece, mais profundo é o relacionamento. Embora Deus tenha se
revelado até mesmo pela natureza, a revelação só atinge o ápice em sua Palavra.
Conhecer Deus é ser conhecido por Ele também. É ter intimidade com Deus e com o
seu enviado Jesus Cristo que é o próprio Deus encarnado. Sendo assim, não pode
crer em Deus sem crer em seu enviado e sem crer em Cristo não se tem vida
eterna. O relacionamento do Pai com o Filho é tão intenso que se por um lado,
não tem como crer em um e descrer o outro, não tem como também odiar um sem
odiar o outro. Este capítulo terceiro é encerrado com uma reflexão sobre a
igreja e o seu sofrimento. A igreja que é um corpo chamado para ser instrumento
de transformação e não de acomodação.
O capítulo
quarto inicia com a declaração de Jesus afirmando que a Palavra de Deus é a verdade.
Isto implica em ser clara e pura e não escondida. Hoje a ideia da verdade é
relativa e acredita-se não poder encontrar a verdade absoluta. Esta crença
impossibilita e desestimula a busca da verdade. A Escritura por outro lado, nos
fala de verdade absoluta. Jesus é verdade e ensina sobre uma verdade. Assim, a
Bíblia deve ser usada pelos servos de Deus para que haja crescimento espiritual
baseado na verdade bíblica. Infelizmente, há muitos que distorcem a verdade de
Deus e ensinam mentiras e vivem na mentira. Esta falsa doutrina é ensinada por
pessoas privadas da verdade e grande perigo desta mentira é que ela é
extremamente sedutora. Cabe, portanto, a Igreja, a prática do ensino desta
verdade que é a Bíblia, pois esta é o padrão mais alto da verdade. Esta Palavra
que permanece viva e atuante em nosso meio é a verdade absoluta libertadora.
Destaca-se ainda a liberdade para servir, para praticar a justiça, para a
santificação e especialmente para vida eterna.
Quanto à
santificação, as palavras de Jesus nos ensina que além de ser imperativa, é uma
ação poderosa de Deus. Não apenas isto, mas também podemos notar que Jesus está
comprometido com a nossa santificação e que por estes, Jesus deu a vida. A
santificação como ato divino quando os seus foram separados, mas também, cabe
destacar que a santificação é algo contínuo que não terá fim enquanto estamos
em vida nesta terra. O grande destaque quanto à santificação é que ela é
extremamente importante na perspectiva bíblica e evidentemente divina. A
seguir, o autor do livro trabalha a questão da oração como sendo guiada pelo
Espírito Santo, sendo a oração, um meio de santificação.
Não se
consegue viver em santidade se não combater aquilo que atrapalha o processo de
santificação. O autor vem dizer da necessidade de combater o pecado. Deus não
pode viver e conviver com o pecado, mas Ele mesmo, em Jesus, perdoa os pecados.
Embora haja uma progressão da santificação, não implica em ser alguém melhor
que o outro, pois todos são dependentes da Graça de Deus. Afinal, por mais
elevada que seja a santidade de um indivíduo ela sempre será inadequada com a
perfeição de Deus.
Costa
comenta o texto bíblico afirmando que o cerne da oração de João 17.20 é a
evangelização. A Igreja anuncia para que os elitos ouçam e creiam em Jesus Cristo.
A igreja em ato de culto se manifesta como povo redimido de Deus. A
evangelização é o culto da proclamação ou do testemunho que anuncia a Deus. A
Igreja é o modo ordinário que Deus estabeleceu para anunciar o evangelho da
salvação e esta igreja é identificada e caracterizada pela pregação da Palavra.
Algo interessante que Costa desenvolve é a catolicidade da Igreja. Esta é
católica no sentido correto da expressão, ou seja, universal. Isto não se
limita a uma denominação, mas a todos os crentes servos de Cristo, portanto,
dar esta nomenclatura a uma denominação, é reduzir o termo.
Além de
todos os preciosos pontos destacados pelo livro, apontando verdades profundas,
chegamos à verdade de que a Palavra é que “preserva e regulamenta a unidade da
Igreja”. Este ponto se embasa em João 17.20-23.
A unidade espiritual só é possível através das Escrituras. Ao observar a
oração de Jesus escrita neste texto, poderá perceber que Ele orou em prol da
igreja pedindo a preservação da unidade deste povo. Unidade esta fundamentada
na unidade da Trindade divina. Desta forma, não se trata de uma unidade
artificial, mas embasada na fé de modo natural em sua sobrenaturalidade.
Uma vez
mencionado a expressão do mistério grandioso envolvendo a Trindade, é
pertinente destacar que a trindade faz-nos refletir em três realidades: o Pai é
Deus, o Filho é Deus, o Espírito é Deus e os três são um só Deus. Esta doutrina
exige de nós, antes de tudo, submissão à verdade das Escrituras.
Quanto à unidade
da Igreja, que também é um mistério, só é possível porque Deus a tornou
possível. Esta unidade não é algo externo, conforme propõe de modo muito
assertivo o autor quando diz: a unidade não é um “simples companheirismo
social”, “uniformidade de organização”, “uniformidade de vida” e nem tão pouco
“existe em detrimento da verdade”. Este último é muito preciso, pois em nome de
uma pseudo unidade valeria a mentira? É claro que não, pois esta não vem do
Espírito. Não é cabível sustentar uma unidade que não está de conformidade com
a verdade Bíblica. Por outro lado, a unidade é “produzida pelo Espírito” e esta
não exclui a diversidade do corpo. A unidade “é em Cristo”, pois foi Jesus quem
se ofereceu para garantir a unidade da Igreja. “É uma unidade essencial”, ou
seja, não é qualquer um que vai viver unido, mas aqueles que nasceram de novo.
Por fim, “é uma unidade de propósito” e este propósito é glorificar a Deus.
Ainda que não seja unida nas coisas visíveis ou nas questões organizacional,
está unida na glorificação do Deus desta igreja. Desta forma, a Igreja viverá a
unidade em todos os pontos essenciais da vida cristã.
Após
perceber claramente o que o autor diz sobre unidade da igreja, chegamos às
últimas páginas e a preocupação é quanto ao aprendizado e desenvolvimento da
comunidade de fé dentro desta unidade. É necessário haver uma unidade de
serviço e para isto, deve-se investir no aperfeiçoamento dos santos. Existem os
dons e os talentos e dentro desta variedade e diversidade, trabalhar em
benefício da unidade de serviço e do desenvolvimento do corpo de Cristo que é a
Igreja, afinal, somos responsáveis também pela manutenção desta unidade. Assim,
tudo que não estiver em conformidade com a verdade, precisa ser corrigido em
prol da unidade, mas lembrando de que tudo isto vem do Espírito Santo de Deus.
Além de toda esta profunda verdade e necessidade, pela unidade da Igreja, o
evangelho de Cristo e a unidade
divina é anunciado e proclamado.
COSTA, Hermisnten Maia Pereira. A tua palavra é a verdade. Brasília: Editora Monergismo, 2012.
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