A seguir você lerá uma resumo do livro "Bandeirantes
da fé" escrito por: CHAVES, Maria de Melo.
O livro traz um relato
histórico do início da igreja evangélica no Brasil, descrevendo um pouco dos
feitos missionários, chamados de “bandeirantes da fé”. O livro inicia logo em
seu prefacio com um incentivo por parte de Paulo Freire de Araujo, a todos os
cristãos brasileiros a contarem as bênçãos de Deus, muitos vêm e se deleitam
com milagres acontecidos em outros países, todavia as benção de Deus são
abundantes também aqui.
Conta a história de
Manuel Joaquim e sua família, filhos e irmãos; nascido em 10 de dezembro de
1872 no município de Bagagem. Filho de José Joaquim de Melo e Gertrudes Maria
de Jesus, descendentes do Bandeirante paulista João de Leite da silva Ortiz e
do Barão de São Francisco, Cabral de Melo. Este era homem rico e poderoso viveu
onde hoje se chama Rio Paranaíba.
Manoel Joaquim desde
pequeno sempre foi doente, padecia de maleita, sendo obrigado a permanecer em
casa, onde ajudava nos afazeres do lar, onde devido seu temperamento irrequieto
desenvolve um senso maior de responsabilidade. Este tem maior afinidade com seu
irmão mais velho David, e devido seu estado de saúde gostava de passar dias e
até meses na casa de David, o qual foi o primeiro Bandeirante da fé do
Triângulo Mineiro e por meio do qual Manoel veio a conhecer a Jesus.
A família toda era
muito religiosa e David, um homem dotado de certa inteligência não ao observar
a vida de um padre percebe que o que ele pregava não condizia com suas
atitudes. Inconformado e descrente não diz nada a ninguém e acredita ser sua
atitude uma rebeldia, passa a se penitenciar a tal ponto que seu jejum o faz
com que caia enfermo. Foi quando recebeu a visita de um amigo José Quirino do
qual recebe um livro, na época um presente muito valioso. Este entrega o livro,
fala que o livro já viajou muito, que seu irmão o ganhou de um viajante
esquisito que ia para Paracatu e ninguém sabe de que se trata. Manoel questiona
se não se trata das Bíblias falsas espalhadas por João Boyle. Assim que seu
visitante sai percebe se tratar sem de uma Bíblia, mas só o novo testamento.
Logo em seguida entra de forma inesperado um segundo visitante, que o pega
lendo o livro, era o ex caseiro do sitio do rev. João Boyle esse afirma ser o
livro verdadeiro, rende graças a Deus pelo privilégio de conhecer a palavra e
desafia Davi a comparar aquela Bíblia com a Bíblia do padre colocando em risco
a sua própria casa, caso não sejam iguais. Assim David assume o compromisso de
estudar a Bíblia na casa Sr. Dornelas.
Logo que David se sente
melhor vai a Monte Carmelo a fim de fazer negócios e conseguir a Bíblia
emprestada com o seu vigário. Faz vários questionamentos a respeito de suas dúvidas,
anseios e deixa claro seu interesse pela leitura da palavra mas o padre se esquiva alega e não ser o tipo
de leitura fácil para um leigo, diz estar em latim e só cabe aos padres fazer
interpretação da mesma. David afirma que ira conseguir uma Bíblia custe o que
custar e que ninguém ira impedir que leia a carta enviada por Deus a ele. O
padre percebe que acabava de perder uma de suas ovelhas, um homem de fibra e
caráter que jamais voltava atrás em sua palavra. David conta tudo a sua esposa
e no Domingo de manhã a família toda vai à casa de Dornelas onde passam o dia
todo estudando a palavra de Deus. Dornelas da às instruções de modo muito
simples, mas o suficiente para que David inicie sua caminhada na fé. Dornelas
lhe contou que em Estrela do Sul poderia conseguir uma Bíblia assim como outros
livros evangélicos e que próximo à cidade na fazenda Córrego da Onça, havia uma
congregação onde poderiam lhe explicar mais sobre a fé evangélica. Falou também
sobre a visita do rev. Carlos Morton que deveria acontecer nos próximos vinte
dias nas congregações em Estrela do sul.
O rev. Carlos Morton casado
com D. Lucy Hall Morton, morava em São Paulo, mas sue campo missionário se
estendia até a cidade de Paracatu. Viagens que eram feitas a cavalo. Foi ele o
primeiro pastor da velha igreja Presbiteriana de Araguari. Verdadeiros heróis
que deixavam o aconchego do lar e enfrentavam toda sorte de dificuldades tanto
nas viagens como por parte da própria população local que pretendiam manter o
povo na ignorância. Mas enfrentaram tudo com serenidade certos de estarem
cumprindo a ordem do Mestre: O “Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a
todo a criatura”.
Davi combina com
Dornelas irem juntos encontrar o rev. Carlos Morton. Leva a Bíblia do amigo
para casa e lê afoitamente procurando conhecer a verdade. Deus fala a seu
coração e ele sente-se feliz e livre, pois percebe que nada mais havia entre
ele e Deus, nada de festas, de novenas, era somente ele e Jesus Cristo. Chega o
prazo determinado para a visita do rev. Carlos Morton, David já está disposto a
abraçar a nova fé. Ao chegar ao “Córrego
da onça”, todos ficam admirados com a presença de David, ainda mais por ele
querer falar com o rev. Carlos Morton. Ali David permanece três dias ouvindo à
palavra e aprendendo e consegue que o rev. Morton vá até sua casa falar a sua
esposa e suas filhas. Na casa de David passam-se mais três dias de grandes
esclarecimentos e muita oração ao fim do qual Morton recebe por profissão de fé
a David, sua esposa Maria Isabel e suas filhas Isabel, Mariinha e Gertrudes.
Morton nem imaginava
quão preciosos frutos viriam daquela humilde família desejosa da profunda
comunhão com Deus. Família que deu origem a varias igrejas e congregações com
crentes devotos e consagrados.
A Primeira perseguição
vem por parte de seu pai, muito católico determina que o protestantismo é
doutrina do Diabo. Muito furioso resolve desviar o filho da doutrina, mas não tendo
êxito passa a usar métodos violentos. Alega que David esta ele com um espírito
mau e proibi a família de se aproximar dele.
Nesses dias uma
congregação filiada à igreja presbiteriana florescia em Araguari.
Tertuliano Goulart, um
dos bravos pioneiros fundador da Igreja na fronteira de Minas e Goiás. Este fica sabendo da conversão de David e
resolve fazer a ele uma visita em Estrela do sul.
O senhor José Joaquim pai de David tenta impedir a visita e com intensa
raiva e pensando estar fazendo um bem à Igreja Católica se dirige até a casa de
David. Armado diz para ele expulsar de vez o demônio daquele lugar. Mas Deus está
sempre no controle, chega à casa de David e encontra apenas a nora e as filhas.
David e Tertuliano haviam saído para visitar a congregação do Córrego da Onça. O
Sr. José Joaquim em seu fanatismo fala horrores à nora, por horas a fio até que
essa não mais suportando desmaia e cai. Esse percebe então a desgraça que
causou, pois a nora tinha acabado de dar a luz à apenas quinze dias. Socorre então a nora, e a deixa aos cuidados
das filhas, corre até sua casa e manda sua esposa para cuidar da nora. A família
devido ser protestante não consegue arranjar empregados e a D. Maria Isabel
passa a sofrer das faculdades mentais. Rejeita o filho ainda nos primeiros dias
e não recupera mais a saúde. Tornando impossível a vida de David. Mas sabe-se
que todas as coisas cooperam para o bem dos que amam a Deus. Com remorso o Sr. José
Joaquim permite a família a se reaproximar de David a fim de ajudá-lo e envia
Manuel para passar uns dias na casa de David. Todavia deixa claro que não se
pode tocar em assunto de religião com ninguém da família. Maria apesar de todo sofrimento não negava a
fé e dizia a todo instante pertencer ao Senhor Jesus.
O padre local aconselha ao sr. José Joaquim retirar seu filho da casa do
irmão, pois diz ser o protestantismo pior do que a lepra. Manuel ao deixar a casa do irmão declara que nada tem contra ele
e se põe a disposição para ajudá-lo.
Na casa do pai nada é mais como antes, a família está desunida. Quando
por se reunia pairava no ar um clima constrangedor, pois todos eram proibidos
de falar em religião. Manuel se aproximara muito do irmão e sentia falta dele.
Assim logo Manuel declara à família que ira cuidar de seu sitio e de seu
casamento. Manuel compra um terreno à margem do rio perdizes, em um lugar ermo,
sem vizinho próximo. Não tendo mais dinheiro para pagar alguém, tem que
trabalhar sozinho. Com a ajuda de seus dois irmãos que também moravam na beira
do rio embora distantes, (trocavam dias de serviço), depois de muita labuta
enfim consegue seu primeiro roçado e espera ansioso pela colheita. Com a graça
de Deus em breve poderia arranjar uma companheira. Através de Anselmo um negro
que seu pai contratara e que designou que o ajudasse, Manuel vem a conhecer os
outros negros alforriados da fazendo Mendonça o qual sendo um bom patrão mesmo
alforriados esses continuam trabalhando na fazenda. Esses conhecendo Anselmo
passam a trabalhar para Manuel e através de Salvador, um antigo negro da
fazenda Manuel se aproxima da família Mendonça e vem a conhecer a Maria Eulina
sua futura esposa.
O casamento fica marcado para quinze dias depois. Manuel convida o irmão
David para ser seu padrinho e fica surpreso com sua sinceridade, este fala que
só pode ser testemunha no civil, na igreja católica não, devido a grande
falsidade que lá existe. Em uma conversa amigável David leva Manuel a perceber
que o pai de ambos no fundo é um protestante sem saber uma vez que não tinham
ídolos em casa e sabia ser na Bíblia proibido o culto a esses e, sobretudo esse
era contra toda novidade que aparecia. E que o padre Manuel se aproveitava da
teimosia do velho para incutir em sua cabeça mais preconceitos contra o
protestantismo. Se ele não fosse tão teimoso já teria comparado as duas Bíblias
e então veria que são iguais. Desse modo convenceu Manuel a ler a Palavra de
Deus, contudo Manuel avisa que não quer que ninguém saiba que ele esta lendo o
livro dos crentes. Naquela noite Manuel presencia o primeiro culto doméstico na
casa de David. Manuel é instruído pelo
irmão não haver valor legal a cerimônia religiosa. Não tendo recurso financeiro
para pagar o casamento no civil, procura em vão na Bíblia uma passagem que
desse alusão ao casamento religioso, todavia não encontra, então pede perdão a
Deus pelo ato que está para cometer. David prometeu chegar um dia antes do
casamento, mas devido a um contratempo só consegue chegar no dia. Leva de
presente ao irmão uma Bíblia e não o encontrando esconde está no terreno do
lado de fora da casa. Na hora da cerimônia o padre faz algumas perguntas
simples sobre religião ao noivo e logo passa a falar de política. Sendo ele um
chefe político propõe a Manuel uma troca, será beneficiado pelo perdão caso
vote em seu partido tendo este de prometer naquele momento. Manuel fica furioso
e o responde dizendo saber agora porque o acusam de fazer comércio com a
religião. Manuel se casa no dia 20 de maio de 1897 e no mesmo dia deixa a Igreja
Católica.
David o avisa sobre a Bíblia e promete em breve lhes fazer uma visita.
Manuel a encontra e conta a esposa o ocorrido. Passa a ler em vós alta para sua
esposa. Então dia a dia Manuel descobre na palavra de Deus o quanto a presença
de Deus é importante dentro do matrimônio.
Um dia ingenuamente Maria Eulina conta a sua madrinha sobre a leitura da
Bíblia esta faz de tudo para fazer a afilhada a desistir da leitura. Manuel e
Eulina ficam firmes e são afastados de seus familiares e de seus amigos, mas
perseveraram na fé, pois liam nas escrituras textos que diziam “Bem aventurados
sois quanto por minha causa vos injuriarem e vos perseguirem” e eram assim
consolados pela palavra de Deus.
Manuel lê a Bíblia começando por Gênesis, não aceitava a ajuda de
ninguém e diz que tudo tem a sua ordem, entretanto Deus falava a seu coração e
quando finalmente após algum tempo chega à leitura de João 3.16, a partir de então
não teve mais duvida, chama a esposa e a convence que estão no caminho da
verdade. Manuel arranja um menino para
fazer companhia a sua esposa e parte para casa de David, procurando notícias do
pastor. Sua esposa lhe pede para que não professe sua fé sem que ela esteja com
ele. Ele diz que fará o possível para esperá-la, mas que não promete.
Chega à casa de David e fica sabendo que esse foi para o Córrego da Onça
encontrar com o rev. Carlos que não se encontra bem de saúde. Parte então também
para lá. Sua chegada é vista com espanto pelo seu irmão o qual pensa ter
ocorrido uma tragédia, mas logo o espanto se transforma em alegria ao saber que
o irmão busca saber mais e estar na presença de Deus. O rev. Carlos que já havia terminado o sermão
inicia com alegria um novo sermão, especialmente para o visitante que acabara
de chegar. Na noite seguinte, dia 15 de julho de 1898, é recebido em profissão
de fé três pessoas. O rev. Carlos prega sobre o cego Bartimeu com base no texto
de Marcos 10.50. e logo em seguida o hino 111 dos Salmos Hinos: Luz do mundo.
Manuel feliz com a palavra Deus percebe ser impossível cumprir com a palavra
que dera à sua esposa e nesse mesmo dia faz a sua pública profissão de fé. Fica
combinado que seis meses depois o Pastor irá até sua casa para receber sua
esposa em profissão de fé.
Manuel e Eulina viviam isolados de todos contando apenas com a presença alegre
dos crentes. Contudo certo dia Manuel se vê enfermo, cabendo a Eulina cuidar da
roça e da casa, não bastasse tamanho sofrimento descobre que Manuel foi
enganado na compra do terreno e este não mais lhe pertence. Seu outro irmão
Tonico também se interessa pela nova religião e ajuda Maria Eulina na colheita
da lavoura, a qual pretendia vender para buscar o tratamento de Manuel. Em meio a tanto sofrimento Manuel e Eulina
não se desesperam, buscam em oração a ajuda de Deus. Sofrimento que é visto
pela sua madrinha e familiares como castigo de Deus aos hereges. Mas a resposta
enfim chega. David fica sabendo que pouco distante dali uma senhora também
enferma quer vender sua propriedade a qualquer preço. Informa o irmão o e este
pra lá se dirige a fim de fazer negocio. David vende o mantimento e consegue a
quantia que a senhora pede pelo terreno. Manuel se vê agora com uma fazenda
enorme, mas ainda sem condições de trabalhar. Benção de Deus vista pelos
familiares e vizinhos descrentes como ajuda do Diabo.
Nesse ínterim recebem a noticia que o rev. Carlos Morton esta chegando
de viagem e que ficará em sua casa. Casa de um cômodo apenas. Assim resolvem
fazer um quartinho de cana de milho para hospedar o pastor. E o recebem com
muito carinho e alegria. Fato que o rev. Carlos Morton relatou mais tarde nos
Estados Unidos visando despertar o interesse pelas missões no Brasil.
Em 1903 Carlos Morton vem a falecer e deixa grande tristeza e saudades.
Para substituí-lo é enviado o rev. Roberto See. O missionário fica vários dias
em casa de Manuel e faz visitas também em Araraquara, município de Monte
Carmelo. Para substituir o rev. Roberto See vem o rev. Roberto Daffim. Nesse
tempo as pessoas haviam se aproximado novamente da família, com exceção do sr.
José Joaquim e da sua madrinha de Maria Eulina. Todos os presentes na hora do
culto Doméstico, com respeito à Palavra de Deus ouvem com atenção a leitura da
palavra. O rev. Roberto Daffim com sua simpatia logo cativa o povo.
Com grande dificuldade Manuel e Eulina conseguem reunir verba para abrir
o próprio negócio. Manuel se prepara para ir a Araguari para comprar mantimento
quando descobre estar Maria Eulina grávida e acha por bem adiar a viagem. Com o
nascimento da menina e planeja o seu batizado, arranja uma companhia para Maria
Eulina e a aconselha a convidar o máximo de pessoas possíveis para o batizado.
Primeiro batizado da Igreja Presbiteriana. Manuel parte rumo a Araguari para
fazer suas compras e buscar o Pastor. Chegando lá para seu desapontamento o rev.
Roberto não está mais ali. A igreja local agora tinha governo próprio dirigida
por diáconos e presbíteros brasileiros e o Pastor era o brasileiro rev. Palmiro
Rugeri. O qual não podia o acompanhar a fazenda, pois esta estava nos domínios
da West Brasil Mission. No entanto pode rever dois bons amigos o Sr. Tertuliano
Goulart e o Sr. Cherubino Santos, Homens crentes no Senhor Jesus que
apresentaram Manuel aos comerciantes da cidade, podendo então ele fazer bons
negócios. Contudo o batizado continuava sem solução. A igreja presbiteriana se
dividia surgindo a presbiteriana independente. Movimento guiado pelo Filósofo
Eduardo Carlos Pereira. Nesse dia chega a Araguari o ministro da igreja
independente o rev. Caetano Nogueira o qual pretendia visitar os crentes de
Estrela do sul. Cherubino aconselha Manuel a levar o rev. Caetano até sua
fazenda. No domingo devido ao batizado de Maria de Melo Chaves (a autora), a
fazenda estava lotada e o rev. Caetano tem de pregar ao ar livre. Ocasião em
que muitos tiveram a oportunidade de conhecer a Jesus. O rev. Caetano foi
embora alegre prometendo voltar no ano seguinte fato que não se concretizou,
Deus o chamou para morar no céu.
Os negócios de Manuel vão bem e
este prospera com as bênçãos de Deus. O que é visto pelos inimigos como
benfeitoria do diabo. Manuel e Maria
Eulina continuam firmes na palavra de Deus e sempre fies em seus dízimos. Com a
ausência do Pastor Manuel reúne os convidados e amigos e ele mesmo a seu modo
ministra a palavra. Muitos se convertem e tem inicio ali uma consagrada
congregação dos crentes. Quatro anos depois nasce a Segunda filha a Marta e eles
têm a feliz noticia que o presbitério de minas designou um novo pastor para
aquele campo, o rev. Alberto Zanon.
Alberto Zanon vai a fazenda prega a uma imensa multidão e batiza a Marta. O rev. Zanon foi pastor em Estrela do Sul
durante treze anos. Formado pelo seminário Presbiteriano ainda novo fixou
residência em São Francisco das Chagas do Campo Grande, hoje cidade de Rio Paranaíba.
A princípio os filhos são enviados pra um colégio interno em Araguari e
no ano seguinte para ficar perto deles Manuel muda-se para Araguari, onde tem
oportunidade de participar ativamente da igreja, todavia a mudança não
corresponde às suas expectativas. O colégio “Araguari College” que ficava aos
cuidados do rev. Tavares e D. Lizzie fecha e as meninas são colocadas em uma
escola particular. O rev. Alberto Zanon é transferido para Cabo Verde, no Sul
de Minas Gerais e Seu Manuel volta a morar na roça. Seguindo o conselho do rev.
Alberto Zanon envia os meninos para estudar no colégio interno de Lavras,
Educandário evangélico da Igreja Presbiteriana de Lavras, este aos cuidados de
Sr. Samuel R. Gamom e Carlota Kemper, nomes que merecem destaque na história da
Igreja. No instituto Gamom os filhos de Manuel desde o mais velho até o caçula,
onde recebem tanto a instrução intelectual quanto espiritual.
Nas férias as três filhas mais velhas de seu Manuel evangelizavam os
vizinhos da casa de seu pai.
Ainda em Lavras, Maria, a autora e tocada pelo Espírito Santo através
das palavras de um missionário o Dr. Allim, na época alvo de chacotas por parte
das internas devido aos erros de Português que cometia. E esta sente o desejo
de servir a Jesus.
Em 1925, Maria termina seus estudos e retorna para a casa dos pais, mas
percebem não ser a fazenda um local
apropriado para uma Igreja devido a localização em que esta se encontra, sentem
como o local certo o arraial de Douradoquara, todavia não têm uma casa lá. Dias
depois surge a oportunidade de comprar uma casa no arraial e entendem ser Deus
respondendo as orações, Compram o local, mudam o comercio para lá. Esperavam
por esses dias a visita do Dr. Alva Hardie, que morava em Patrocínio, centro do
trabalho naquele tempo. Já no primeiro domingo antes mesmo da mobília chegar
Manuel ao abrir a porta encontra um grupo de trinta pessoas que dizem ter vindo
para ouvir o culto da família. Manuel, pego de surpresa chama sua filha Maria e
a incumbe de falar naquele dia. Pega também de surpresa, uma vez que nunca
havia falado para adultos, sabia querer ser professora, mas de crianças. Pede
então sabedoria a Deus, Abre a Bíblia medita por alguns instantes na palavra de
Deus, lembra-se que Deus sempre está no controle e que não devemos nos
preocupar frente ao que formos falar. Prega então naquele dia por mais de uma
hora. O povo se despede e diz que voltará no domingo seguinte trazendo mais
pessoas.
Improvisando um local pra a escola dominical e o culto a noite de
domingo, seu Manuel manda espalhar a madeira que seria empregada para a
construção do prédio da escola paroquial que também serviria de escola
dominical, com folhas de babaçu improvisando bancos e sombras para um total de
duzentas pessoas. Nesse local à sombra de babaçu, muitos ouviram a palavra de
Deus.
Pregaram ali o rev. Alva Hardie e Elias Tavares entre outros. A primeira
turma a professar a fé foi um grupo de oito pessoas com o rev. Hardie.
Os outros irmãos voltam da escola e Maria tem a oportunidade de começar
a lecionar para aquela gente, e a igreja assim vem a abençoar o povo também
através dos estudos naquele local.
Em Douradoquara a Igreja é duramente perseguida pela Igreja Católica,
sendo ali ameaçados até mesmo de morte. O governo que até então não ajudava a
população, movidos pelo preconceito contra os cristãos, começam a se lembrar
daquele lugar.
Sara assume o trabalho em Douradoquara e Maria vai a Patrocínio fazer um
curso para obreiros, no qual o professor é o rev. James Woodson.
Trabalhou em Patrocínio em 1923 os missionários da West Brasil Mission o
rev. Alva Hardie, rev. Roberto Daffin e o rev. Eduardo Lane.
Nessa época havia somente dois crentes na cidade de Patrocínio. A
Primeira pregação de acordo com Maria acontece no Antigo Cinema o qual fica lotado.
O pregador é o rev. Alva Hardie com a mensagem intitulada” Zaqueu desce da
figueira”.
Patrocínio é escolhido como o “centro do campo missionário”. E em 1924 o
rev. Alva e sua esposa Kate mudam-se para Patrocínio.
O campo missionário consistia em treze cidades e se estendia de Araxá a
Paracatu e de Arapuá para lodo Oeste.
O rev. Alva Hardie residiu em Patrocínio de 1924 a 1931 e lá encontrou
somente três crentes. Foi um homem zeloso no trabalho do Senhor.
A Igreja em patrocínio cresce rapidamente e a West Brasil Mission tem
que enviar mais um casal para auxiliar o rev. Alva Hardie. Em 1937 O rev. Jaime
Woodson e sua esposa Jessie chegam. O rev. Jaime torna-se pastor da Igreja de Patrocínio
e fica ao seu encargo mais algumas congregações. O resto do campo fica com o rev.
Alva Hardie.
Graças
as Perseguições e a intolerância por parte do padre Joaquim Tiago dos Santos o
qual critica sua ovelha por fazer negócios com os protestantes a Igreja ganhou
mais dois crentes o Sr. Sérvulo Veloso e sua esposa D. Alice Epifânio Veloso.
O rev. Jaime abre um curso para obreiros, o qual oferece aulas de
teologia, história da Igreja, Homilética e Trabalho Pessoal, o curso contava
com quatro moças e dois rapazes, sendo uma deles a Maria de Melo Chaves (a
autora) e um dos rapazes é o rev. Carlos o que futuramente vem a ser o esposo
de Maria. O curso começa, mas dura um curto período, devido o Pastor de
Araguari não se encontrar bem de saúde, Jaime é transferido para aquela região.
O Curso que Jaime iniciou é hoje o Instituto Bíblico.
A senhora Kate Hardie e o esposo rev. Alva Hardie têm a ideia de abrirem
um colégio evangélico em Patrocínio. Então Kate lança o desafio a Maria de Melo
Chagas para juntos entrar nesse embate. Sabiam não ser fácil, tinham poucos
recursos financeiros e a população local era instigada pelo padre a não
negociar com os protestantes, se recusando até mesmo a alugar os aposentos.
Mesmo assim Deus abre as portas e a Escola começa a funcionar na casa do sr.
Cristóvão no dia 15 de fevereiro de 1928. Um Colégio para meninas e meninos e
com a mudança do rev. Jaime este passa a funcionar na residência em que ele
morava. Como não havia escolas para meninas em Patrocínio, ninguém havia se
importado antes com esse fato. Então o Padre Joaquim Tiago não querendo ficar
para traz, move o mundo em perseguição aos cristãos e tem início assim a Escola
Normal de Patrocínio, dirigida por Freiras. A perseguição à Igreja servia de
propaganda e a Igreja crescia cada vez mais.
O Colégio foi de suma importância para a vida da igreja e dos cidadão
daquela cidade, dentro dos alunos que frequentaram a escola muitos merecem
destaque. Não podendo ser relatado aqui devido ao grande numero de pessoas. O rev.
Oscar Chaves, ministro presbiteriano da junta de Missões, pastor de Marialva no
campo do Paraná ( cunhado de Maria de
melo chaves), O Rv. Zaqueu de Melo (irmão de Maria de M. Chaves) diretor do
Instituto Filadélfia, de Londrina PR.
O colégio acabou, ficando em seu o Instituto Bíblico motivo de lamento
por parte da autora.
Com objetivo de estudar no seminário Carlos e Maria casam-se no dia 26
de dezembro de 1928 e tempos depois já com a primeira filha nos braços,
mudam-se para Campinas, contando apenas com as bênção de Deus e boa vontade dos
irmãos, companheiros de seminários e verdadeiros crentes em Cristo Jesus.
Foram muitas lutas, mas com muita oração e fé vencem o primeiro ano. Ao
fim deste voltam para Patrocínio a fim de rever seus familiares e esperavam que
o ano seguinte fosse mais tranquilo no quesito financeiro. Carlos é recebido
como candidato pelo Presbitério de Minas e dele esperavam receber alguma ajuda
financeira. O que não acontece.
Ainda no embarque de volta a Patrocínio conhecem o rev. Eduardo Lane
demonstra boa vontade em ajudá-los, dando-lhes uma pequena quantia em dinheiro
que lhes foi útil na viagem. Já em Patrocínio o rev. Eduardo Lane propõe a
Carlos que o substitua nos três meses seguintes, dando suas férias ao trabalho
de missões.
Parte então para o Rio Paranaíba, lugar onde as pessoas mais influentes
eram os protestantes. Entre eles senhores como Abner Borga, Trajano Silva e
Hilharino Rocha. Era uma Igreja que passava por profundas provações,
congregação da igreja de Arapuá, pastoreada pelo rev. Johnston.
Ao fim dos três meses, março de 1932, foram para Patos, onde Carlos trabalharia
no Instituto Sul mantido pelo Dr. Antonio dias Maciel. Nesse ano não
retornam aos estudos, foi preciso adiar os planos do seminário.
Em Patos um dos pioneiros foi o rev. André Jensen, o mesmo que em Carmo
do Paranaíba enfrentou com sabedoria do céu e bravura, um padre em um debate.
Quem continuou o trabalho do rev. André Jensen foi o rev. Alberto Zanon,
que fazia o trajeto de Rio Paranaíba, Carmo, Patrocínio, Monte Carmelo, Estrela
do sul, Paracatu e Patos de Minas.
Carlos e o rev. Johnston, atendiam o campo de Paracatu e foram eles que
iniciaram o trabalho missionário em João
Pinheiro.
Maria trabalhou como diretora do Internato do Colégio de Patos, o qual
passou a ser a Escola Normal Oficial.
O rev. Antonio Maciel e sua esposa Ordália Maciel tempos depois se mudam
para o Rio de Janeiro.
Carlos pretendia voltar para o Seminário em Campinas ao termino daquele
ano, mas irrompe a revolução paulista e assim eles permanecem em Patos.
Em 1934 por ocasião de uma convenção idealizada pelo rev. Eduardo Lane,
sua esposa Mary Lane e pela Srta. Frances Hesser, Maria recebe a visita de Seus
pais em Patos de Minas, os quais depois do encontro em Patrocínio vão a Patos.
Seu Manuel tem a alegria de ver de ver em sua própria fazenda uma Igreja
com mais de duzentas pessoas, vê também muitos de seus irmãos além de seus
filhos no caminho do senhor. Uma família extensa e abençoada através da qual
surgem varias igrejas e congregações, entre elas, Monte Carmelo, Douradoquara,
Água Limpa, Abadia dos Dourados e Perdizes que inaugurou em 15 de setembro de
1940 tendo como pregador o rev. Zaqueu de Melo, filho de seu Manuel.
Em 1935, mesmo ano em que sr. Manuel de Melo vem a falecer, Carlos,
Maria e os filhos retornam a Patrocínio, onde Carlos passa lecionar no Instituto
Bíblico.
Referência bibliográfica.
CHAVES,
Maria de Melo. Bandeirantes da Fé.
São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2008.
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