Gratidão

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segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Hinduísmo

Introdução.

A religião, embora seja difícil de definir, não é difícil percebê-la, afinal, ela está presente no mundo, pois o ser humano é religioso e não deixará de ser religioso e a cada novo tempo, novas formas de religião vão surgir. A religião se relaciona com a comunidade e com atos religiosos que muitas vezes são mais
importantes que a própria doutrina. Não se pode negar ainda as experiências religiosas.
Antes de adentrar especificamente na religião por nós escolhida, vale destacar que existe não apenas um conceito de divindade como se poderá perceber a seguir.
Há o monoteísmo que é a convicção de um único deus. A monolatria que adora um único deus, mas não nega a existência de outros deuses. Politeísmo acredita na existência de diversos deuses. Panteísmo é a crença que deus está presente no mundo e permeia tudo o que existe aqui. Animismo é a crença nos espíritos e acredita que na natureza habita espíritos.

Hinduísmo.

O hinduísta crê na existência divina, mas existem muitos outros aspectos que poderá ser percebido.
Existe uma característica que diferencia o hinduísmo das demais grandes religiões do mundo. No hinduísmo não existe uma organização, não existe um credo e além de tudo isto, não existe um fundador. É uma religião aberta abrangendo novos padrões de pensamentos e expressões que caracterizam religiões. Uma religião com várias formas de religião, por isso, extremamente complexo e está presente no mundo há 3 ou 4 mil anos.
As raízes do hinduísmo pode ser encontrada entre 1500 a.C a 200 a.C. quando um grupo que tinha ligação com religiões gregas, romanas e germânicas dominaram a região do vale do Indo. Eram os arianos com a religião védica que possui o livro dos Vedas que destaca alguns traços importantes dos ritos religiosos deste grupo que associado aos antigos moradores, deram início ao hinduísmo que se tem hoje.
Nesse tempo houve um grande desenvolvimento religioso na Índia. Textos foram escritos que ainda são lidos. São livros dos Vedas em quatro volumes chamados de Upanishads que retratam diálogos entre mestre e o discípulo. O livro fala do Brahman que é uma força espiritual que dá base para todo o universo. Não apenas isto, mas todos nascem do Brahman e ao morrer volta para o Brahman.

Conforme já foi dito, o hinduísmo do modo que se conhece hoje, possui uma variedade grande de ideias bem como de formas variadas de culto. Não é uma religião padrão, assim, eles não são parecidos senão pelo sistema de castas.
Embora haja em todas as sociedades modelos que evidencia em graus menores ou maiores que caracteriza grupos sociais, a realidade na Índia é completamente pensado e sistematizado.
Desde os primórdios era possível encontrar quatro classes sociais. A classe dos sacerdotes chamada de brâmanes, a classe dos guerreiros, a classe dos agricultores, comerciantes e artesãos e a classe dos servos. Mas no decurso da história, à medida que a sociedade indiana foi crescendo e se desenvolvendo, novas classes bem definidas foram surgindo a ponto de ter já no início do século XX em torno de 3 mil castas. O surgimento das castas é um mistério e nem tão pouco pode-se afirmar que se trata de uma evolução a partir das quatro iniciais, o que se sabe é que existem castas ou simplesmente divisões na sociedade indiana.
Em geral, as castas estão associadas às profissões e em uma única aldeia, pode ser encontrada várias castas com um número superior a vinte chegando a trinta grupos de castas no meio da comunidade. Cada grupo de casta, normalmente ocupa um agrupamento de casas.
As regras são específicas para cada uma delas tornando a conduta diferente bem como a prática religiosa e é justamente a prática religiosa da casta que determina o casamento, assim, a pessoa permanecerá dentro de sua casta. O relacionamento social também fica bastante restrito àquela classe de pessoas como sentar com alguém para se alimentar, trabalhar e até que tipo de profissão pode exercer.
A religiosidade hindu, se baseia pela pureza e impureza. Várias ações podem tornar o indivíduo impuro e este precisa buscar a purificação. Tocar em alguém de casta inferior ou que não tenha casta conforme a perspectiva deles, exige ações para voltar a estar puro. Uma das maneiras de se purificar é banhar-se em um rio sagrado da Índia, especialmente o rio Ganges. Esta noção de pureza e impureza norteia o trabalho no país, pois somente algumas classes podem realizar os trabalhos ou qualquer outra atividade que é considerada impura. Assim, estas castas inferiores, ajudam a manter a pureza das castas superiores que têm o privilégio por serem pessoas superiores, de se aproximarem dos deuses mais elevados. Por isso, é necessário haver os impuros para beneficiar os puros, mas de algum modo, todos são beneficiados com isto, tanto que o pior castigo que se possa ter é ser expulso da casta que faz parte. Isto só acontece como punição a um crime muito grave. O nível mais baixo no sistema indiano é quando alguém é considerado intocável ou que não tenha casta. Estes são os criminosos, os lixeiros e os curtidores de couro de animais bem com os cristãos.

É de conhecimento mundial a relação do indiano com a vaca. Para eles, a vaca é um animal sagrado que é adorado especialmente em festas religiosas, mas que é completamente respeitada durante todo tempo. Provavelmente esta condição dada à vaca teve início nos vedas e em um antigo culto da fertilidade. Existem hinos dos vedas que exalta as vacas dizendo que elas suprem tudo que é necessário para o sustento da vida. Com o decorrer do tempo a vaca se tornou um símbolo da vida e é absolutamente proibido matá-la, afinal, ela é mais pura que um brâmane. Tocar em uma vaca torna a pessoa ritualmente limpa. Tudo que a vaca produz e tudo que tem origem nos produtos dela são usados em cerimônias de purificação. O leite, a manteiga e até os excrementos e a urina podem ser usados. Além da vaca, são sagrados para os hindus outros animais como o macaco, o crocodilo e a cobra. Os indianos normalmente não gostam de matar e isto fez de uma grande parte da população, pessoas vegetarianas com um ideal de não a violência.

A filosofia dos Upanishads afirma que o homem tem uma alma que jamais morre e nem fica envelhecida à medida que o tempo passa e não morre quando o indivíduo morre. Este conceito aplicado entre os hinduístas os fazem acreditar que a alma renasce quando o indivíduo morre. Aqui pode compreender o conceito de carma e de reencarnação deles. O hinduísta acredita que após a morte, o indivíduo renasce em outra criatura e pode nascer em uma casta mais alta, mais baixa e até em um animal. O que faz o movimento disto acontecer é o carma do homem. Carma que é expressão sânscrita que significa ato que por sua vez significa não apenas as ações, mas também pensamentos e sentimentos. Todas as ações têm consequências que podem aparecer depois da morte. Isto significa que tudo de uma vida dá base para outra vida. Na verdade, o carma não é uma punição pelas más ações e nem uma recompensa pelas boas ações, mas é uma lei natural da vida. Cada ato do hinduísta nesta vida e da próxima vida é de responsabilidade dele mesmo. Tudo que a pessoa experimenta nesta vida é resultado de suas próprias ações de vida anterior. Por isso, as castas continuam, pois a doutrina do carma sustenta tudo isto e o incentiva a viver melhor para que em uma vida posterior retorne em uma casta e situação melhor.

Os hindus não tem uma doutrina clara que mostre como será salvo, ou seja, como escapará do ciclo da reencarnação e se unirá ao absoluto universal. Embora haja muitos grupos com pensamentos divergentes, pode-se no hinduísmo perceber três vias de salvação que poderão tirar o individuo do ciclo cansativo da reencarnação. Tem a via do sacrifício, do conhecimento e da devoção que não são movimentos religiosos e sem tendência que pode ser escolhida ou não. A via do sacrifício remonta ao período dos vedas. Fazendo sacrifícios e boas ações, muitos tentam chegar à felicidade terrena, ter saúde e riqueza além de ser fértil em sua descendência com o objetivo final de se libertar do ciclo vicioso da transmigração do espírito. A via do conhecimento segundo o ensino dos Upanishads, afirma que a ignorância do homem o prende no ciclo da reencarnação. O oposto da ignorância que é o conhecimento é um caminho de salvação. Mas o homem somente será salvo quando adquirir o reto conhecimento. A terceira via é a da devoção. Por volta de 600 a. C. no sul da Índia teve início esta proposta de salvação. Esta ideia é a mais predominante na Índia que é caracterizada pelo amor de devoção do homem para com deus que é a divindade Brahman. O caminho mais seguro para encerrar o ciclo e ser salvo é bhakti, que é a devoção e a crença e isto acontece independente da pessoa, sexo ou mesmo casta, todos podem desfrutar da graça de devoção a deus.

Sendo o hinduísmo uma religião plural, o conceito de deus também o é. Normalmente o hinduísta tem o conceito panteísta de divindade. Conforme já visto aqui, é a crença que deus está presente no mundo e que não é uma divindade pessoal, mas uma força ou energia que permeia absolutamente tudo como as plantas, os animais, as pessoas e até os objetos inanimados. Entre os menos filosóficos, tem a cresça politeísta. Cada aldeia tem a própria divindade. Este conceito remonta aos vedas. Deuses como Vishnu conhecido por ser um deus suave e amigável. Um especialmente popular é Krishna, que é adorado por ser onipresente senhor do mundo. Outro deus importante é o Shiva. Este é o deus da meditação e dos iogues. Este deus é tanto criador quanto destruidor, por isso é ao mesmo tempo aterrorizante e atraente. No meio acadêmico é mais comum os deuses Vishnu (que sustenta a criação) e Shiva (que é o deus destruidor) formando uma trindade de deuses com Brahma que é o criador.
No hinduísmo se destaca também a presença de deusas. Como a "Rainha do Universo" ou "Deusa-Mãe". Mais conhecida como Kali, que é uma deusa negra.
Ainda é possível perceber a presença de deuses menores na Índia especialmente nas aldeias.

A vida religiosa dos hindus devotos se caracteriza por uma religiosidade presente no lar e no templo. Em casa normalmente tem uma local específico com esculturas que representam deus ou deuses. Existe ainda pequeno altar para que a família celebre uma adoração à divindade que pode se repetir várias vezes ao dia. O culto pode ser diferente conforme a casa, mas normalmente acontece com sacrifício, oração e recitação de textos considerados sagrados além da meditação. Eles prezam pela pureza e por isso, costumam se purificar com um banho purificador para somente depois cultuar. Cerimônia normalmente é assim: banho purificador, sacrifício é preparado em acordo com algumas regras. Pode-se colocar no altar arroz e flores e após isto o servo adorador se inclina ao chão com mãos unidas diante das imagens. Pronuncia o nome do deus e recita textos sagrados além de oração espontânea e pessoal. Quanto ao templo, não existe uma obrigatoriedade de ir, mas lá acontecem muitos serviços. Existe em cada aldeia um templo. No decurso do dia, a atividade no templo inicia ainda de manhã com música com a finalidade de despertar os deuses. Lava-se as imagens e alimenta-se os deuses várias vezes durante o dia. As pessoas que passam por lá, rezam, oferecem sacrifícios de flores e outros presentes ou param para escutar a explicação dos textos sagrados pronunciada pelo sacerdote.

Para eles, a realização da pessoa é mais importante que a crença dela. Sendo assim, a ortodoxia é menos relevante que o costume correto. O rito religioso é mais importante que o seu conteúdo. Isto é explicado pelo “darma comum” que é uma lei ou ética. Não significa que as pessoas sejam iguais, pois sendo assim, não haveria as castas, mas a igualdade está em ser responsável para com a sua família e sua casta, mesmo sendo esta responsabilidade diferente de uma para a outra pessoa. Assim, o que é bom para um indivíduo pode não ser bom para o outro. Ser um praticante da boa moral é ser plenamente responsável com a sua própria casta.

O hinduísmo além das três vias de salvação; ensina sobre os estágios da vida que são quatro. Esta divisão é bem mais relevante aos brâmanes do sexo masculino. Estes quatro estágios representam um ideal. Aos oito anos de vida o menino brâmane participa e realiza um rito que é de passagem quando recebe o “fio sagrado”. Isto simboliza que o menino nasceu pela segunda vez e assim se tornou um discípulo sendo entregue ao guru que é um mestre para estudar o texto sagrado cumprindo o primeiro estágio. Ao completar o primeiro estágio, se casa tornando-se pai de família, este é segundo estágio. Neste estágio, o homem casa-se, tem filhos e desfruta dos prazeres. Esta fase se encerra quando os netos começam a crescer e então o homem se torna contemplativo que é o terceiro estágio. Este é estágio para se retirar a um local tranquilo como floresta ou monastério. Alguns prosseguem e chegam ao quarto estágio que é de se tornar um santo andarilho quando já idoso, vive andando sem posses e sem moradia fixa e sobrevive com esmolas. Não tem mais deveres com casta e nem laços externos. Busca o conhecimento e se torna habitação divina.

            A Índia demonstra ser um país com contraste significativo referente ao papel da mulher. Não apenas isto, mas o modo como a mulher é tratada e considerada espiritualmente e socialmente. Embora afirme o livro dos Vedas que o homem e a mulher são absolutamente iguais, isto não é aceito na prática. Existe um livro de 2 mil anos dos indianos que afirma:

"Assim como o estudo e o serviço doméstico na casa de seu mestre são para o menino, assim deve ser para a menina viver com seu marido; ela deve ajudá-lo em seus deveres e ser ensinada por ele. Cuidar do fogo sagrado, como seu esposo lhe ensina, é comparável ao serviço do menino junto ao fogo sacrificial de seu mestre". [1]


Assim, as mulheres indianas são normalmente encaradas como propriedade do marido. A mulher solteira tem uma condição inferiorizada em relação às casadas, mas uma casada sem filhos também pode desfrutar de uma condição muito ruim. Mas em oposição a esta condição da mulher, foi na índia que uma mulher chamada Indira Gandhi ocupou o cargo de primeiro-ministro e muitas mulheres exercem influência naquele país. Outro aspecto que vale ressaltar é que muitas mulheres indianas trabalham fora de casa.

 Considerações finais.

            Por fim, ressalta-se que a Índia é um país de terceiro mundo localizado na Ásia Meridional e com mais de 1 bilhão e 200 milhões de habitantes é o segundo país mais populoso do mundo.
As ideias e conceitos religiosos hinduístas não estão limitados apenas aos moradores da Índia, mas já estão espalhados no mundo todo. É bastante comum, por exemplo, ver no Brasil a prática da Ioga. Embora seja a Ioga uma parte do conjunto religioso hinduísta, pode-se notar que esta prática não se limita apenas aos indianos que aqui residem, mas grande parte da população brasileira hoje tem aderido a este tipo de meditação. Outra realidade muito presente que já se firmou dentro de uma religião no Brasil e que tem sido anunciada e pregada é a defesa da reencarnação. O indivíduo reencarna até atingir um ideal de vida. A reencarnação que é originária especialmente do hinduísmo e difundida, ensinada e credenciada pelos indianos hindus, hoje já chegou a um nível de grandes proporções no Brasil.
Chega-se a real conclusão que a religião hinduísta ultrapassou os limites de seu berço e já exerce influência no mundo todo.

Juliano Costa de Souza.

Referência bibliográfica.

Camurça, Marcelo. Ciências Sociais e Ciências da Religião: polêmicas e interlocuções. São Paulo: Paulinas, 2008. (Coleção repensando a religião).

Gaarder, Jostein e Hellern, Victor e Notaker,  Henry. O Livro das Religiões. Tradução, Isa Mara Lando. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.

Glaab, Bruno. O Fenômeno Religiosos - Hinduísmo  http://www.estef.edu.br/br unoglaab/wp-content/uploads/2011/09/Hindu%C3%ADsmo.pdf, acessado em 02 de novembro de 2013

Wikipédia, a enciclopédia livre. Hinduísmo. http://pt.wikipedia.org/wiki/Hindu%C3%A Dsmo, acessado em 02 de novembro de 2013.

Wikipédia, a enciclopédia livre. Índia. http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%8Dndia, acessado em 02 de novembro de 2013.




[1] Citado por Gaarder, Jostein e Hellern, Victor e Notaker,  Henry. O Livro das Religiões. Tradução, Isa Mara Lando. São Paulo: Companhia das Letras, 2000, p55.

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