A obra de Sidney Greidanus, uma obra que visa mostrar a importância, relevância e autenticidade do texto bíblico. Ainda como o compromisso que se deve ter para que haja uma pregação bíblica, visa o resgate ao texto bíblico e o retorno a ele nas pregações; destaco os seguintes:
1 – Pregação
bíblica.
A Bíblia como critério de pregação.
O
fato de ser pregada a Bíblia, não garante excelência, por isso, a congregação
não deve aceitar cegamente a pregação falada. O apóstolo Paulo usa isto como um
ensino dizendo da necessidade de investigar para ver se de fato era assim.
Afinal, a simples alegação de que a palavra pregada é a Palavra de Deus, não
garante ser. O sermão precisa ser pregado com submissão à própria Bíblia e é a
própria Bíblia o critério usado como teste de todo sermão através de
comparações.
Vantagens da pregação expositiva.
O
texto diz que a pregação expositiva tem muitas vantagens sobre a pregação
textual como segue: 1 – o pregador fica limitado ao texto. 2- exige
integridade, pois o próprio texto confronta o pregador. 3 – ela identifica as
ciladas textuais que devem ser evitadas. 4- ela dá segurança ao pregar. Além
disso, a pregação expositiva faz a Bíblia ser apresentada na igreja e os
ouvintes ficam seguros quanto à pregação, tendo a convicção de que estão
estudando a Bíblia. Por fim, a igreja torna-se crítica, pois tem como avaliar a
mensagem falada da mensagem escrita na Bíblia.
2 – Fundamentos
históricos.
Cosmovisão bíblica
Este
ponto ressalta que Deus é quem está no controle do mundo, pois Deus atua na
história, mas não exclui a liberdade e a iniciativa do homem.
Confiança na fidedignidade.
Ao
aproximar dos documentos históricos, os eruditos não fazem com dúvida, mas com
“atitude positiva.” Esta parte do capítulo, afirma que o texto bíblico do Velho
Testamento, que foi escrito pelos judeus, povo de extremo zelo o que gera ainda
mais confiança a verdade dos escritos bíblicos. Sobre o Novo Testamento,
existem registrados seis argumentos fortíssimos em defesa da exatidão, são
eles: existência de testemunhas, existência de centro responsável em Jerusalém,
a grande atenção que os escritores mantiveram com as tradições, a fidelidade da
igreja na transmissão de declarações difíceis de Jesus como Marcos 10.18, 13.32
e a habilidade de lembrar as tradições numa sociedade oral. Há boas razões para
se aproximar do texto das escrituras não com dúvida, mas com convicção em sua
veracidade e fidelidade.
3 – Interpretação
literária.
Cânon como norma.
É
preferível escolher o cânon como contexto, pois somente ele é normativo.
Afinal, tendo o cânon como base, tem-se claramente a marca inicial da exegese
como também a marca final. E estar “preocupado em compreender a natureza da
forma teológica do texto”, só é possível com a aproximação com o cânon. Isto
não é possível com uma “unidade literária original ou estética”.
Aproximação canônica e a pregação.
É
relevante a aproximação canônica para o pregador. A proposta é que a homilética
deve ser submissa ao cânon, assim, coforme destaque em capítulo anterior, a
congregação não terá a impressão que a mensagem é uma divagação ou uma
exposição de algum escritor que não seja o bíblico, pois o texto estará diante
da comunidade com início, meio e fim. Assim, o cânon é a garantia de que o
material reunido para pregação é a Palavra de Deus.
4 – Interpretação
histórica.
Interpretações de eventos.
O
que se encontra na Bíblia, não são histórias, mas história escrita.
Aprofundando o pouco mais, o autor afirma que na Bíblia, existem não eventos
próprios, mas com a literatura a cerca da história, pois é uma interpretação da
história. Os escritores selecionaram os eventos que foram relembrados ou
registrados.
Exatidão histórica.
Os
documentos bíblicos, não precisam estar à altura dos nossos atuais padrões de
história para serem confiáveis. Se existem divergências como a duração de um
tempo, isto não implica em afirmar que o essencial deixa de ter valor, pois a
mensagem não é prejudicada em absolutamente nada. As divergências que não
interferem na mensagem, pode ser por padrão da época ou pela liberdade autoral
se sentiram a vontade por apresentar os fatos com as diferenças históricas, o
que não interferiu na intenção da mensagem.
5 –
interpretação teológica.
A Palavra de Deus.
A
Bíblia afirma ser a Palavra de Deus, portanto, a interpretação bíblica precisa ser
teológica, para que a evidencia da autoria divina da Bíblia seja respeitada. A
hermenêutica deve considerar a Bíblia como a Palavra de Deus que é falada por
meio de pessoas, ou seja, os escritores bíblicos.
Autor ou redator.
A
obra diz ser complicada a questão do autor pelo fato de acreditar que alguns
livros são obras de um redator. Mas hoje, percebe-se que embora sejam
redatores, eram redatores criativos. Outro fato complicador, é que se conhece
muito pouco a respeito de muitos autores bíblicos, mas isto não é tão relevante,
pois o que é de fato importante é o que ele escreveu, mesmo que o significado
para o próprio autor, não seja tão claro.
6 – pregação
textual-temática.
As necessidades da Igreja.
Quanto
à escolha do texto, deve-se considerar que a pregação visa edificar a igreja,
sendo assim, a escolha do texto deve observar isto. Pode observar o calendário
litúrgico, escolher para sanar uma necessidade específica da comunidade. Tudo
isto, após uma observação precisa para acertar de fato o problema e combatê-lo.
Existe o perigo de distorcer o texto, depois de observada a necessidade da
igreja, mas se não escolher o texto com base na necessidade do povo, o erro
poderá ser ainda maior.
A preferência do pregador.
O
grande perigo é que a faixa de textos e consequentemente de temas tratados,
poderá ser muito estreita e limitado. Para isto não acontecer, deve-se
selecionar textos abrangendo toda a Bíblia. Mas a obra propõe que ainda que
corra este risco, o lado preferencial do autor, não deve ser colocado de lado,
pois as pregações em textos que o pregador se identifica, serão pregados com
maior naturalidade, convicção e entusiasmo.
7 – a forma do
sermão.
Um modelo de forma didática.
A
partir de um modelo de James Daane. Este propõe iniciar pelas formas mais
simples de estrutura de sermão. A ideia ainda, é que os componentes do sermão,
precisam vir do texto e não de outra parte da Bíblia nem tão pouco fora dela.
Danne ainda oferece um modelo com base em João 3.16 como segue:
A grandeza do amor de Deus (O amor de Deus é
grande).
I – Sua expressão preciosa, II – Seu objeto
indigno, III – Seu propósito salvador.
Danne
ainda insiste em iniciar, embora não seja uma regra, cada proposição com um
pronome possessivo.
Formas textuais.
Craddock,
citado pelo autor da obra, defende forma textual usando o argumento que o texto
tem uma característica e a mesma deve ser o guia para o sermão. Não se pode
pregar um sermão de lamentação sem que isto fique evidente.
8 – A relevância
do sermão.
Alegorização.
A
obra fala a respeito de uma lacuna histórico-cultural e pensando no desafio de
transpor esta lacuna, o autor afirma que o modo inadequado é a alegorização,
mesmo sendo esta uma das formas mais antigas de tentativas de transpor a lacuna
que perdura ainda nos dias atuais. O grande problema da alegorização é a simplificação
de um texto com todo o seu contexto histórico e cultural da época.
Espiritualização.
Outro
problema é a tentativa de transpor a lacuna transformando o texto em uma
realidade espiritual, assim, fechando os olhos para qualquer realidade
histórica e cultural do texto. Este modo de usar o texto parece muito com a
alegoria e o autor exemplifica com o texto de José quando o mesmo foi atirado
na cova. Fazendo uma aplicação imediata, corre-se o risco de afirmar que a cova
se relaciona com a vida hoje, quando se está vivendo um momento ruim. As mesmas
falhas apresentadas na alegoria podem ser observadas aqui na espiritualização.
9 – pregando
narrativas hebraicas.
Parábolas
As
parábolas são uma forma de narrativa que não é histórico e não historicidade
não faz diferença para a interpretação. A mensagem é que é relevante neste caso
e não se a história contata aconteceu ou não. Pode-se concluir com isto, que algumas
narrativas bíblicas alcancem o seu objetivo final sem depender da
historicidade.
A importância da historicidade.
O
ponto fulcral aqui é que não se deve tratar toda a Bíblia como se fosse
parábola, pois seria encarar tudo com muita simplicidade. Quando uma narrativa
alega o fato histórico, assim deve ser encarada senão, o texto perde o seu
sentido.
10 – Pregando
literatura profética.
Uma mensagem de Deus acerca de Deus.
É de
concordância entre eruditos bíblicos que os profetas traziam a mensagem de Deus
ao povo. Homens que foram chamados por Deus para falar em nome de Deus. Ao
observar a própria fala dos profetas, percebemos que eles também afirmavam ser Palavra
de Deus quando diziam: “assim diz Yahweh”. Era mensagem de Deus, mas era também
mensagem acerca de Deus. A mensagem dizia sobre sua aliança, sua vontade, etc.
O profeta bíblico sempre mostrou e enfatizou o caráter teocêntrico de sua
mensagem.
Profecias Datadas.
Embora
as profecias fossem mirando o futuro, é evidente que primeiramente a mensagem
era para os contemporâneos aos profetas. É muito clara a citação de datas muito
precisas de modo que não é possível hoje fazer uma leitura sem considerar estas
datas.
11 – Pregando
os evangelhos.
Características do gênero Evangelho.
Há
uma mistura no gênero nos evangelhos, mas vale perceber como que os mesmos
caracterizados. Uma das características é o Kerygma. O evangelho tem a ver com
a pregação e com a proclamação do evangelho de Deus. A pregação do evangelho
que são as boas novas, sendo já esta outra característica do gênero do
evangelho que aponta para a terceira característica que é a centralidade de
Jesus e do Reino de Deus.
Critérios para historicidade.
O
autor cita Ladd que aponta passos para defender a historicidade: 1- “breve
período de tempo que aconteceu os eventos e os registros; 2 – o papel das
testemunhas oculares na preservação da tradição; 3 – o papel do testemunho
apostólico, possuidor de autoridade; e 4 – o papel do Espírito Santo”. Outro
ponto importante é quanto o texto combate alguma heresia, pois seria muito
estranho, inventar uma heresia para combatê-la falsamente. Outro modo de
constatar a historicidade é perceber as semelhanças entre eles.
12 – Pregação
nas epístolas.
Epístolas ou Cartas.
A
grande questão foi levantada por Adolf Deissmann que propôs que epístola é um
documento para ser divulgado, já em relação à carta, é um documento privativo.
Assim, as cartas de Paulo deveriam ser lidas como “notas privadas informais”,
isto é: a situação se aplicava apenas a comunidade que havia recebido. Mas as
cartas não podem ser encaradas como particular, até mesmo as mais particulares
como Filemom que é dirigia a igreja na casa de Filemom e em relação a tessalonicenses,
Paulo diz para que seja lida a todos os irmãos.
Tratados ou Sermões.
Embora
alguns argumentem que certas cartas como Romanos, seja um tratado, o correto é
encará-la como carta, pois isto reforça uma leitura precisa, pois é assim a sua
natureza. Mas ao observar as cartas de Paulo é fácil perceber que são sermões.
Ou seja; são cartas como sermões.
Referência bibliográfica.
GREIDANUS, Sidney. O pregador contemporâneo e o texto antigo. São
Paulo: Cultura Cristã, 2006.